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>> 20081226


Perito Australiano Defende Língua Portuguesa em Timor

"O autor do único dicionário de Tetum-Inglês é um intransigente defensor da permanência do Português como língua oficial de Timor Loro Sae. "Eu defendo o Português neste país porque quero defender o Tetum. Eu sei que o Tetum, para sobreviver, precisa do Português", disse Geoffrey Hull à Agência Lusa, no final de uma palestra sobre a língua e a identidade cultural timorenses que decorreu em Díli, no âmbito do congresso do Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT).
Assumindo-se de "coração latino" (é filho de mãe francesa), aquele linguista australiano contesta a corrente abolicionista do Língua Portuguesa — porque "não toma em consideração a força que canalizou a resistência timorense contra o domínio indonésio: o tradicionalismo" — e defende que, "se deseja manter uma relação com o seu passado, Timor-Leste deve manter o Português". Se optar por outra alternativa, "sofrerá o mesmo destino de todos os países que, voltando costas ao passado, privam os seus cidadãos do conhecimento das línguas que desempenharam um papel fulcral na génese da sua cultura" — "tornar-se-á uma nação de amnésicos".
Poliglota e especialista em dialectos e culturas regionais de Timor-Leste, Hull explica que a sobrevivência do Tetum advém da sua natureza híbrida, intimamente ligada ao Português e à cultura portuguesa. "Tradicionalmente há um binómio de Tetum e Português. Quando o Tetum precisa de enriquecer usa sempre palavras portuguesas. A Língua Tetum e a cultura timorense devem ser vistas sempre como híbridas e é praticamente impossível separar os elementos indígenas e os elementos portugueses da cultura".
Geoffrey Hull vai mais longe e considera que o Tetum, apesar de ser a língua franca do território, é "apenas suficiente para a vida doméstica. Para lidar com o mundo, os timorenses necessitam de uma língua internacional, e essa língua deve ser o Português, porque é tradicionalmente a língua internacional de Timor-Leste".
Directo na defesa da sua dama, aquele especialista acusa os defensores do Inglês como língua oficial de "tentarem impor à nação timorense a mesma fórmula cultural imposta por Jacarta" enquanto ocupou a metade oriental da ilha. "Nesse período, a forma de conceber a lógica era toda conforme a ideologia do Estado indonésio", acabando por influenciar "a maneira de pensar dos jovens que, agora, ironicamente, falam como os ideólogos indonésios".
Para ultrapassar este "paradoxo da situação cultural" vivida em Timor Loro Sae, e para tentar convencer os jovens, Hull recomenda um desenvolvimento sustentável das estruturas educacionais, preenchendo as lacunas existentes numa altura (de transição) em que eles "não têm nada para fazer" — "é preciso que as escolas, os liceus e a universidade criem grupos de discussão para que os jovens possam debater tudo isto. Há uma falta geral de informação. Os jovens são vítimas de uma ocupação brutal e de certa forma ignoram a sua cultura, por falta de informação e formação".
Paralelamente, Geoffrey Hull adverte para o pragmatismo do "materialismo australiano" e para a ameaça que representa o desejo de certos sectores de influenciarem e dominarem economicamente o território. "Com o domínio económico vem sempre o domínio cultural, e continua a haver uma mensagem subliminar de que o Inglês vale mais do que o Português, considerado uma língua de pouca importância".
Perante esta ameaça, o linguista recomenda aos países lusófonos que prestem mais apoio a nível de recursos e preconiza uma "campanha maciça para defender aqui o Português". Por outro lado, defende que os professores portugueses que vão ensinar para Timor Loro Sae se esforcem para aprender o Tetum, de modo a fomentarem uma comunicação mais alargada e ajudarem a fortalecer ambas as línguas.

N.R. Por decisão do Congresso do CNRT, votada em 29 de Agosto, a Língua Portuguesa foi declarada língua oficial de Timor Loro Sae. O Tetum será língua nacional do país, cuja independência deverá ser oficialmente anunciada pelas Nações Unidas dentro de aproximadamente um ano."

4 comentários:

Anónimo,  sábado, 27 de dezembro de 2008 às 12:12:00 WET  

A fonte desta notícia é de que data?

Ken Westmoreland sábado, 27 de dezembro de 2008 às 16:39:00 WET  

Esta notícia foi de 2000. Não foi até 2007 que um membro do governo português, João Gomes Cravinho, disse que os professores portugueses devem esforçar-se para aprender o tétum.

Margarida Azevedo sábado, 27 de dezembro de 2008 às 22:18:00 WET  

Caro Ken,

a notícia é realmente antiga mas ... até seria boa ideia os professores portugueses aprenderem tétum, não acha? Pelo menos os professores de português que estão em Timor a ensinar crianças e adolescentes.
Eu adoraria aprender!
abraço,
m.

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