"Alta Comissária da ONU pede a Ramos-Horta que clarifique entrega de Bere à Indonésia "

>> 20090906

"Díli, 06 Set (Lusa) - A Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navanethem Pillay, pediu ao Presidente de Timor-Leste, Ramos-Horta, que clarifique as circunstâncias em que Maurtinus Bere, implicado no massacre da Igreja de Suai, foi entregue à Indonésia.

"Apreciaria que me fossem enviadas clarificações mais detalhadas das circunstâncias da libertação de Martinus Bere", solicita Navanethem Pillay, em carta enviada a Ramos-Horta, a que a Lusa teve hoje acesso.

Na missiva, a Alta Comissária salienta que os esforços de reaproximação entre os dois países não se podem sobrepor às obrigações internacionais a que Timor-Leste está vinculado.

"Aprecio o desejo de desenvolver relações saudáveis com a Indonésia e quero saudar o progresso que foi feito nessa área. Porém, confio que terá presente que o Governo de Timor-Leste não deve eximir-se às suas obrigações internacionais, em nome da cooperação bilateral", escreve a Alta Comissária.

Na carta enviada ao Chefe de Estado e datada de 02 de Setembro, aquela representante da ONU manifesta a sua "profunda preocupação" pelas informações que dão conta de que as autoridades timorenses libertaram Martinus Bere, acusado de crimes contra a humanidade, relacionados com o massacre de Suai, ocorrido em 1999.

"Esta decisão não só é extremamente lamentável, como terá consequências sérias para o apuramento de responsabilidades nos graves crimes que aconteceram em 1999", refere Navanethem Pillay, na carta enviada ao Presidente da República.

A Alta Comissária sublinha ainda que tal decisão contraria sucessivas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a responsabilização por crimes passados, ao mesmo tempo que garante que a ONU manterá uma posição firme no sentido de não haver impunidade para crimes graves, como os crimes de guerra, contra a Humanidade e genocídio.

Martinus Bere, referenciado por crimes graves pelas Nações Unidas, cometidos em Suai após ser conhecido o resultado da consulta popular de há 10 anos, foi preso pela Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) no dia 08 de Agosto, depois de ter passado a fronteira.

Permaneceu em prisão preventiva até dia 30, data em que se comemorou solenemente o 10.º aniversário do referendo que determinou a independência e nesse mesmo dia terá sido entregue às autoridades indonésias.

Na carta enviada ao Presidente da República, Pillay aproveita para "felicitar Timor-Leste na ocasião da celebração do 10.º aniversário da consulta popular de 30 de Agosto de 1999", lembrando o apoio do Alto Comissariado a Timor-Leste, no fortalecimento do Estado de Direito e incremento de uma sólida cultura de respeito pelos direitos humanos.

A Lusa tentou obter junto dos serviços da Presidência da República de Timor-Leste uma reacção à carta da Alta Comissária para os Direitos Humanos, o que ainda não foi possível." (MSO. Lusa/Fim | (Expresso))

7 comentários:

Anónimo,  domingo, 6 de setembro de 2009 às 14:21:00 WEST  

bem pedido, sim senhora!

Anónimo,  terça-feira, 8 de setembro de 2009 às 01:29:00 WEST  

Se a senhora tivesse contactado o PR Ramos Horta e as vitimas timorenses para lhes informar que a UN esta VERDADEIRAMENTE empenhada em julgar os crimes contra a humanidade cometidos em Timor e que por isso ja estava no processo de estabelecer um tribunal internacional, eu ainda lhe cantava louvores.

Agora assim...pedir responsabilidades ao estado timorense quando ao mesmo tempo a UN nao assume as suas responsabilidades internacionais...

Anónimo,  terça-feira, 8 de setembro de 2009 às 02:55:00 WEST  

Mas e' mesmo assim, nao e'?

Ao fim do dia quem tem que viver entre a Indonesia e a Australia (tambem) sao os timorenses e nao a senhora Alta Comissaria.

E' mais que sabido que ainda existe na Indonesia grupos militares poderosos descontentes com a independencia de Timor e que facilmente aproveitariam qualquer oportunidade para mobilizar um falso sentimento de nacionalismo indonesio contra os timorenses. Isso seria pessimo nao so para os timorenses como tambem para a jovem democracia Indonesia.

Se a UN assumisse as suas responsabilidades e tomasse as medidas necessarias para julgar os crimes cometidos em Timor, o estado timorense nao teria necessidade de tomar estas infelizes mas necessarias decisoes para poder garantir um mais que merecido ambiente de paz e estabilidade para os seus cidadaos.

Os timorenses poderiam viver em paz e em seguranca e ao mesmo tempo mais felizes por saberem que a justica tinha sido feita. A propria sociedade Indonesia teria muito a beneficiar com isso.

:)

Anónimo,  quarta-feira, 9 de setembro de 2009 às 10:59:00 WEST  

A libertação de um criminoso só denigre a imagem de TL no seu próprio território e no exterior
Alfredo
Br

Anónimo,  quarta-feira, 9 de setembro de 2009 às 18:52:00 WEST  

... e a si, Alf, corroi-o tanto fel que lhe corre nas veias ... cuide-se para que o seu coração não fique uma pedra.

Anónimo,  quinta-feira, 10 de setembro de 2009 às 03:17:00 WEST  

Alfredo,

Comprendo aquilo que quer dizer mas se eu tivesse que escolher entre a "imagem de TL no seu próprio território e no exterior" e uma verdaderia paz e estabilidade para o povo no interior do territorio, nao tenho duvidas de qual escolheria.

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