"Governo de Xanana Gusmão vai bloquear proposta australiana de exploração petrolífera"

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"Jacarta, 13 Jan (Lusa) - Timor-Leste anunciou hoje que irá bloquear as propostas apresentadas por um consórcio australiano para explorar uma zona partilhada de prospecção de petróleo e gás no Mar de Timor, no valor de milhares de milhões de dólares.

A recusa do Governo de Xanana Gusmão é o mais recente desenvolvimento de uma longa contenda entre os dois países sobre onde o petróleo e o gás oriundo da zona de prospecção conjunta 'Greater Sunrise'.

Em 2007, Timor-Leste e a Austrália assinaram um acordo para a partilha das receitas de exploração deste vasto campo de gás e petróleo que ladeia a fronteira oriental da Área de Desenvolvimento Petrolífero Conjunto (ADPC), no Mar de Timor, e onde se estima que existam 240 milhões de barris de petróleo e 154 biliões de metros cúbicos de gás natural.

O tratado assinado estipula que os dois países cheguem acordo sobre um plano de desenvolvimento conjunto até 2013. No entanto, o governo de Timor-Leste recusou até agora todas as propostas apresentadas pelo consórcio liderado pela empresa australiana Woodside Petroleum Ltd.

O Fundo de Petróleo de Timor-Leste, criado em 2005 para receber e administrar as receitas originárias das vendas de petróleo e gás, já atingiu os cinco mil milhões de dólares graças a exploração de uma outra jazida no Mar de Timor, mas a vasta zona do 'Greater Sunrise' é considerada fundamental para o desenvolvimento da jovem democracia e para retirar a população timorense da pobreza.

Na sua postura mais dura até hoje, Díli garantiu que não vai apoiar o plano de desenvolvimento apresentado pela Woodside, possivelmente tornando assim o tratado de 2007 nulo.

"Os planos propostos pela Woodside e parceiros do consórcio de levar gás desde a jazida de 'Greater Sunrise' a Darwin ou a uma plataforma flutuante de gás natural liquido não serão aprovados pelo Governo", garantiu hoje o secretário de Estado do Conselho de Ministros de Timor-Leste e actual porta-voz do Governo.

De acordo com Ágio Pereira, os responsáveis da empresa australiana "subestimaram a prioridade do governo em assegurar que os recursos pertencentes ao povo timorense sejam devidamente geridos".

A Woodside, que lidera um consórcio integrado também pela Royal Dutch/Shell, Osaka Gás e ConocoPhillips, tem argumentando que transportar os recursos por gasoduto para uma unidade processadora em Darwin (Austrália), a mais de 500 quilómetros de distância, é a opção comercialmente mais viável, tendo também estudado a possibilidade de transportar o gás até uma plataforma flutuante.

Mas Timor-Leste quer construir uma oleoduto desde a profundidade do mar até a sua costa, aproximadamente a um terço da distância de um oleoduto até Darwin, no norte da Austrália.

O governo de Timor-Leste tem vindo a procurar parceiros comerciais para desenvolver uma indústria petroquímica nacional, que, segundo o executivo, estimularia o crescimento económico e ajudaria a reduzir o desemprego no país.

A Austrália esteve, a par de Portugal, sempre na linha da frente em termos de apoio a Timor-Leste durante a sua transição para a independência, incluindo no papel assumido durante a primeira missão de monitorização das Nações Unidas em Timor-Leste (UNAMET).

SK." Lusa/Fim

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