Xanana lembra à Austrália acordo brindado com Alatas durante a ocupação

>> 20100505


5-May-2010 - 19:35

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, lembrou hoje que a discussão sobre o gás do campo petrolífero Greater Sunrise só existe porque a Austrália brindou com a Indonésia a partilha das riquezas timorenses.

Xanana Gusmão, que hoje esteve em Vemasse, Baucau, a apresentar o "seu" Plano Estratégico de Desenvolvimento, disse que não aceita por isso a solução da Woodside para o campo de Sunrise, mas também porque não está disposto a continuar a ver os recursos das águas que, pela aplicação das 200 milhas marítimas à sua Zona Económica Exclusiva, seriam timorenses, a beneficiar sobretudo a Austrália.

"Foi para lá que foram as estruturas em terra do outro bloco, agora as que são para o Greater Sunrice têm de vir para Timor-Leste, até porque se encontra mais perto da costa timorense", defendeu.

Perante as diligências australianas, fez uma lembrança: o Greater Sunrise só tem discussão porque o Governo australiano assinou com a Indonésia, que ocupava então Timor-Leste, em 1989, a partilha das riquezas timorenses, brindando com Ali Alatas.

Recebido em Vemasse com “pompa e circunstância” à maneira tradicional, Xanana Gusmão ouviu do chefe de Suco (presidente de Junta) as carências e realizações locais, antes de começar a desfolhar o “seu” Plano.

Apesar de rouco, manteve-se durante várias horas a falar sobre o passado, o presente, e o futuro que tem planeado.

Lembrou a resistência dos timorenses para chegarem à independência de hoje e fez a comparação entre os países frágeis como Timor-Leste e países emergentes como o Japão e Singapura, ou a zona económica especial chinesa de Hong-Kong.

“O segredo para o conseguirem foi a aposta nas infra-estruturas”, disse.

Expôs detalhadamente os planos do governo que passam, principalmente, pelo petróleo e gás natural do Mar de Timor.

A construção de uma refinaria em Betamo, de uma plataforma logística no Suai, de uma fábrica para processar o gás natural em Basso.

Exibiu projecções e maquetes num “power-point” e explicou para que servirá cada uma das instalações previstas.

Anunciou grandes projectos de obras públicas, como a construção de um novo aeroporto e de um porto em Tibar, com três ponte-cais e uma zona industrial associada, sendo o actual porto transformado numa marina de recreio, além da construção de um porto pesqueiro em Laga ou Manatuto.

Não esqueceu a base rural da economia, apontando para a transformação da agricultura de subsistência numa agricultura de produção comercial, para abastecer as necessidades futuras.

Disse ainda contar com o desenvolvimento da indústria extrativa, nomeadamente de cobre, ouro, magnésio e mármores, para mudar a face do país, mas não escondeu que o “seu” Plano Estratégico de Desenvolvimento tem como principal motor a exploração do gás e petróleo do Mar de Timor.

2 comentários:

Anónimo,  quinta-feira, 6 de maio de 2010 às 03:43:00 WEST  

Ou estamos todos cegos ou o que se passará com Kay Rala Xanana Gusmão para não vermos o que ele pretende dizer com tamanha tomada de posição?!

Uma vez mais Xanana Gusmão ruma contra a maré ... de cada vez que se conhece que ele rumou "contra", muitos desconfiaram dele, muitos não acreditaram e pior não perceberam o que ele fazia.

Que mais precisam os patriotas de qualquer quadrante para se colocarem ao lado dele e deixarem-se de politiquice barata tal é o peso da pressão externa, dos interesses do ouro negro?

O momento é este, estão na corda-bamba decisões de vulto, passadas, presentes e futuras!

Serão os timorenses exclusivamente a perderem caso, agora, se armem em espertos para ganharem dividendos políticos partidários (versus interesses de uns quantos) a ponto de negociarem no escuro com a Austrália numa insignificante manobra, esses sim de se venderam ao "exterior"! Não é Xanana Gusmão que está a ceder, muito pelo contrário, é ele que toma tamanha decisão de se opôr frontalmente a uma grande manobra de hipoteca caso o Greater Sunrise vá para "o lado" deles. Seja com a plataforma flutuante, como essa fosse o "mal menor" que serviria as partes e desse aval ao provérbio de que "mais vale um pássaro na mão que dois a voar"...

É nisto que pessoas como José Teixeira e a encíclica do suposto "bom acordo do petróleo" não vêem ou apenas vêem por interesse num segmento futuro de quererem utilizar a força única que existe em Timor-Leste para se deixarem embarcar em dividendos políticos que nunca serão permitidos naquela zona. A Austrália jogará com todos, isso será certo! Veremos quem se vende a quem! A questão importante do petróleo é evidente mas não é apenas isso. Os submarinos nucleares que transitam desde sempre na zona não são os do extinto Bloco de Leste nem tão pouco Chineses. Quem pode fazer o jogo que a Austrália pretende, ou mais precisamente as empresas petrolíferas interessadas e aconchegadas em acordos que deveriam ser considerados crimes do passado ... lesa Pátria, hoje em dia de Timor-Leste, nunca resolvido e ao qual em termos de jurisdição foi declarado inclusivé que não haveria Tribunal algum com capacidade de poder julgar o que foi executado com o acordo brindado no ar (em pleno voo) entre a Indonésia e a Austrália, na sombra de um tremenmdo CRIME DE INVASÃO, dizia, se não é de novo essa força conjunta, TIMORENSE que se lhe oponha, meus caros amigos ... Timor-Leste transformar-se-á naquele imenso erro praticado, noutras alturas e por outros motivos, noutros locais como em Angola, Moçambique e como se vê ainda hoje na Guiné-Bissau, onde se degladiam forças que só nos podem envergonhar. Timor-Leste não deve, não pode nem ninguém deve permitir que isso ali aconteça!

Não foi para isso que andámos a lutar. Seja o/a lutador/a "profissional" da causa timorense seja o cidadão mais anónimo que seja ele de onde for algures acreditou que Timor-Leste poderia e deveria ser diferente dos caminhos ínvios!

E uma vez mais se vê Xanana Gusmão a tomar a dianteira de se colocar contra uma injustiça antiga, da qual cegámos, da qual nos esquecemos porque temos outros interesses, mas acontece que ele volta a fazer lembrar a injustiça injulgada impossível mas que humanamente a coloca de novo frontal!

Não há pássaros a voar o que há é uma necessidade de tomada de decisão e ela não pode ser vista como cindida!

Nisso a Fretilin é muito importante! Nisso todos os partidos e forças da sociedade civil, todos e todas as pessoas patriotas se devem UNIR. Se não o conseguirem fazer, certa será a atitude dos abutres sobre as vítimas indefesas.

Xanana Gusmão, parece-me, está uma vez mais a mostrar a linha condutora mas há quem não queira ver. Um dia, certo e sabido, iremos concordar com ele. É uma sina, disso já não tenho dúvidas.

Espero que nessa altura não seja tarde demais...

Força!

Anónimo,  quinta-feira, 6 de maio de 2010 às 16:06:00 WEST  

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Delegação da Woodside recebida por PR, com manifestação "hostil" à chegada a Timor-Leste

De João Miguel Souto (LUSA) – Há 4 horas

Dili, 06 mai (Lusa) - Uma delegação do consórcio liderado pela Woodside chegou hoje a Díli para negociar com as autoridades timorenses a exploração do campo de gás do "Greater Sunrise", tendo-se encontrado com o Presidente da República.

A comitiva, chefiada pelo presidente da Woodside, Don Voelte, e que integrava também elementos da ConocoPhillips, da Shell e da Osaka Gás, parceiros no consórcio, foi recebida no Aeroporto Nicolau Lobato por uma manifestação "hostil", exigindo a construção de um pipeline para Timor-Leste.

Agentes da Polícia Nacional de Timor-Leste conseguiram desimpedir a via que os manifestantes estavam a obstruir e a delegação empresarial dirigiu-se ao centro de Díli, onde teve encontros com o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, e com o Presidente da República, José Ramos-Horta.

© 2010 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
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